que os olhos veem o coração não aceita

Nos últimos jogos, a cena se repete: o Atleticano escolhe sua camisa da sorte, percorre o mesmo caminho, se posiciona no mesmo local dos jogos vitoriosos e ainda assim a vitória não vem. Não é nada bom, mas é necessário admitir que aquele time que por vezes revertia mais e mais resultados não tem a mesma gana de antes. Não só o time perdeu a gana, como a torcida que era parte do milagre se tornou em algo comum.
Nos últimos sete jogos, foi apenas uma vitória (com o time reserva e com Diego Aguirre no comando) no Campeonato Brasileiro. O título, antes visto como obrigação, se torna um sonho encostado, tendo em visto a realidade que nos assombra. A – assim esperamos – momentânea passagem pela zona de rebaixamento tem diversos fatores.
Três técnicos em menos de um ano
Não, a culpa não é do Marcelo pela apatia e falta de entrosamento do time. A culpa é principalmente da diretoria por ter posto três técnicos em um período menor que um ano, jogando para o espaço qualquer ideia ou discussão de planejamento. Levir, após conquistar o segundo lugar no Brasileirão, foi demitido sem maiores justificativas. Veio Diego Aguirre e tanto o uruguaio quanto a diretoria usaram o discurso de trabalho de longo prazo. O longo virou curto e, alinhado a falta de resultados, Aguirre foi sem deixar saudades. Marcelo veio como a melhor – e única – opção para tentar revertar o quadro negativo.
Desfalques
Erazo, Cazares, Douglas Santos, Dátolo, Pratto e Luan eram as faltas somente para o clássico. Os três primeiros foram convocados para suas seleções, enquanto Dátolo e Luan estão lesionados. Além desses, Leonardo Silva e Clayton retornaram nesse domingo e jogaram pela primeira vez depois de algumas semanas.
Criatividade em falta
Sem meio de campo, sem jogada. O ataque Atleticano depende única e exclusivamente de bolas alçadas dos laterais ou ligações diretas dos volantes, tendo que voltar até a intermediária para conseguir construir alguma chance de perigo. Os três volantes, que em suma fortaleceriam a defesa, batem cabeça, erram passes e deixam a defesa muito mais exposta, o que facilita para os adversários. Não há goleiro ou zaga que consiga travar todas as jogadas.
O Atleticano, que outro dia ia com a certeza de assistir um verdadeiro espetáculo nas arquibancadas e em campo, retorna cabisbaixo, reorganizando os objetivos do ano e cicatrizando das decepções. O campeonato de pontos corridos cobra os pontos perdidos no início, o que nos faz focar no G4, não mais no título. Para que ao menos esse novo objetivo aconteça, o Atlético precisa se reencontrar em campo e a torcida se reencontrar na arquibancada – o “eu acredito” da Massa precisa se tornar “eu participo”.